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sexta-feira, 29 de junho de 2012

AIRIMIM E O FUTURO


 
A tarde passava mansa, com um sol lindo e brilhante de junho, quando o céu ganha um azul totalmente particular. A menina de cima de uma mangueira via o mar verdinho e sua espuma branca com o areal de areia grossinha, amarela, lá longe e mesmo assim o cheirinho de sal chegava ao seu nariz. Seu nome é Aimirim e seus pais lhe deram esse nome por ser tão miudinha e esperta, como as formigas. Moreninha,cabelos longos e uma flor vermelha de hibisco sempre estava entre seus cabelos.
Chupava as frutas doces, jogava os caroços sem nem dar conta do tesouro que tocava o seu paladar. Tem 14 anos e ainda este ano seus pais querem vê-la casada, até que o pretendente é bonito e forte caçador, mas ela queria poder correr feliz por mais tempo na mata e tomar banho de rio com os curumins antes dos seus curumins nascerem pois ainda achava muito cedo para tê-los.
A mata é linda, é enorme, dela o povo tira tudo que precisa, tem peixe no rio, tem frutas nas árvores e todo tipo de caça tem na terra e no ar. Respira forte, jogando aquele ar doce em  seus pulmões, leva um tempo sorrindo, só por estar viva e com a barriga cheia de manga doce.Do outro lado o rio Ipitanga corre lindo, suave, levando seus peixes, sua agua doce. De cima da árvore ela vê tudo.
Por ver tudo do alto, sente que alguma coisa não vai bem, pois de repente os pássaros voam num alvoroço de desespero. Rapidamente desçe da mangueira e sentindo que o chão está tremendo, deita e coloca o ouvido no chão, o som fica forte e se afasta. Sente medo, porque tem medo do que não conheçe e do nada sente que o chão se abre, dá um salto para trás. Começa a sair muita fumaça, o Pajé já tinha dito que do chão pode sair fogo e Airimim duvidou caladinha.
O que Tupã queria? Mas depois de alguns segundos percebeu que aquilo não era obra de Tupã, surgiram coisas coloridas, barulhentas que se deslocavam rolando por umas coisas redondas pretas que ainda não conhecia, seria animais, vindo de outras florestas? Não sabia e eles saiam e avançavam deixando pegadas no chão, o pior é que dentro de cada barriga podia-se ver pelo menos uma pessoa.
As pessoas que a menina via tinham o corpo coberto e só as mãos e a cabeça ficavam livres. Tinha também uma coisa transparente e escura nos olhos. Aimirim achava aqueles panos todos muito estranho, ela só gostava de usar a tinta do jenipapo e do urucum pra ficar bonita e espantar mosquitos, dias de festa colocava umas peninhas.
Passaram gritando. Pararam os bichos e saíram de dentro de suas barrigas, menos do maior que começou a comer as árvores e arrastar os seus troncos.A indiazinha pegou seu  arco e flecha e atirou contra o monstro que matava as arvores, no entanto as flechas caiam no chão, quebradas. Desesperada ela se jogou em frente ao monstro numa última tentativa e quando pensou que passaria por cima dela, simplesmente desapareceu e depois todos os outros.
Airimim ficou perplexa por bastante tempo sem entender nada, Enquanto isso em um lugar muito distante um grupo de pessoas brindavam com cerveja mais uma viagem no espaço tempo, mais um lugar de natureza virgem quase desabitado no qual poderiam chegar e investir como donos antes mesmo de tudo aquilo existir como cidade.A idéia seria ir de tempos em tempos e deixar marcas até o momento na história em que pudessem forjar um documento como proprietários e alí se tornarem latifundiários.
Vivendo num tempo aonde ar puro e agua são os maiores tesouros, sendo poucos a desfrutarem, ficariam ricos da noite para o dia. Não fizeram mal em acreditar nas pesquisas do derrotado Sr° Costa, depois de muitos anos de erro ele conseguiu colocar em prática a máquina do tempo, que tantos cientistas quase conseguiram realizar.
Eram Quatro pessoas: André um advogado de porta de cadeia, Valéria que aos trinta anos não fazia nada da vida a não ser gastar o resto da herança deixada por seus pais, Érico e Diogo que costumavam trabalhar no ramo do tráfico de animais, todos  sem nenhum excrupulo decidiram se unir simplesmente para um objetivo: enriquecer. Até aí estaria tudo bem se tudo isso não fosse acompanhado de tantas consequências nefastas.
No passado a indiazinha tentou esquecer o incidente,seguia sua vida feliz, iria casar ,ter seus curumins e viver e cuidar da mata, a tristeza chegaria após muitas gerações que nem os tataranetos dela alcançaria... 
Vampira Dea


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4 comentários:

  1. Olá amiga, você tratou da coisa da destruição com uma narrativa simples, coerente e contundente, gostei muito do conteúdo que seria necessário que muitos brasileiros pudessem ler e ficar por dentro dos nefastos cara pálidas, cara de pau estão fazendo com a nossa terra.
    Parabéns.
    Abraço

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  2. Como dizemos por aqui "muito viagem!"Heheheh!Os contrastes,ritmo,o suspense e a surpresa final!Muito bom!
    Ps.:Gostei muito do seu comentário(não digo o elogio,que sempre é bem vindo e apreciado, mas o comentário em si mesmo),pareceu um complemento pro texto!
    Ótimo fim de semana!

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  3. Passei pra agradecer o comentário,e dizer que enquanto postava eu me lembrei pessoalmente de vc!Heheheeh!Pela atmosfera do que escreve,pelos personagens "agoniados", por um monte de coisas...
    Um maravilhoso restinho de semana pra vc companheira!
    Abração!

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  4. Pois é Lú não comeremos concreto.
    Adoro o É Comigo, vc sabe né vc escreve bem demais! Lindo fim de semana pra vc tb
    Abração

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Que bom que deixou a sua opinião, volte depois que te respondo aqui mesmo. Beijão